Direita brasileira celebra efeitos globais com a volta de Trump ao poder
Por Charles Manga
A recente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos começa a gerar reações políticas em diferentes países, incluindo o Brasil. Embora Trump só tome posse no dia 20 de janeiro, o impacto de seu retorno à Casa Branca já anima setores conservadores, especialmente no enfrentamento ao que consideram avanços contra a liberdade de expressão.
Parlamentares de direita no Brasil destacaram, em redes sociais, que a vitória de Trump está associada a mudanças em políticas de conteúdo digital, como a decisão da Meta de abandonar a censura prévia em suas plataformas, incluindo Facebook e Instagram. A iniciativa foi anunciada pelo CEO Mark Zuckerberg, que fez críticas a “tribunais secretos” na América Latina, uma aparente referência ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O bilionário Elon Musk, aliado de Trump e dono da plataforma X, também foi apontado como influente nessas mudanças. Musk, que teve embates públicos com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, reforça sua posição como um dos principais conselheiros do governo americano. Para a direita brasileira, essas movimentações indicam um novo contexto político global favorável aos conservadores.
A expectativa de apoio externo
Políticos como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) veem na nova administração americana uma possibilidade de pressão contra abusos cometidos no Brasil. Bolsonaro lembrou que o tema da liberdade de expressão é sensível mesmo entre democratas nos EUA e alertou para possíveis sanções, como o confisco de bens ou a suspensão de vistos para autoridades brasileiras.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) também celebrou as recentes medidas da Meta, apontando que elas refletem o avanço de uma “política de liberdade”. Já o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) associou o momento atual à aquisição do antigo Twitter por Musk, em 2022, como um marco na luta contra o que chamou de “aparato repressor” de governos e grandes corporações.
Na Câmara dos Deputados dos EUA, projetos de lei em discussão buscam punir estrangeiros que restrinjam a liberdade de expressão de americanos, incluindo sanções a indivíduos e governos. Para congressistas brasileiros, essas medidas podem ser uma forma de pressionar o STF.
Críticas e preocupações do governo Lula
Do lado governista, as mudanças geraram críticas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou preocupação com o fim do modelo de checagem de fatos da Meta, enquanto o advogado-geral da União, Jorge Messias, previu aumento na “desordem informacional”. O secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, qualificou as declarações de Zuckerberg como “fortíssimas” e alinhadas à agenda de Trump.
Repercussões internacionais
Além do Brasil, a vitória de Trump influenciou outros países. No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou sua renúncia após enfrentar crises de popularidade e ameaças de sanções comerciais americanas. Já na Alemanha, o colapso de uma coalizão governista e o avanço do partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) nas pesquisas refletem, segundo analistas, o impacto do retorno de Trump à presidência.
Na Europa, Elon Musk tem intensificado ataques ao governo trabalhista do Reino Unido, criticando o primeiro-ministro Keir Starmer por falhas em casos de abuso sexual quando chefiava a Procuradoria-Geral. A postura de Musk levanta debates sobre o papel de bilionários globais na política local.
América Latina e os reflexos da virada conservadora
Na região, o Chile se destaca com o crescimento da oposição conservadora liderada por Evelyn Matthei, enquanto a Argentina caminha para um fortalecimento do partido de Javier Milei no Congresso. Para lideranças da direita brasileira, como o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), esses movimentos reforçam a esperança de que o Brasil também trilhe esse caminho.