Debate nos Estados Unidos: Trump foi mais enfático ao falar sobre o tema: "Se eu fosse presidente, a guerra nunca teria começado. Se eu fosse presidente, a Rússia nunca teria invadido a Ucrânia. Eu conheço o Vladimir Putin muito bem

O primeiro debate entre Donald Trump e Kamala Harris, na noite desta terça-feira (10), foi marcado por trocas de acusações em temas centrais da corrida à Casa Branca, como economia, aborto, guerras e imigração, e pelo tom mais assertivo de Harris, que colocou o adversário na defensiva.

O enfrentamento, que durou pouco mais de 90 minutos, foi também o primeiro encontro entre o republicano e a democrata, que nunca haviam ficado frente em frente ao vivo.

Em tom mais agressivo e muito mais descontrolado, Kamala Harris investiu em ataques a Trump e evocou, com oratória segura, seu passado como procuradora-geral, despistando as dúvidas sobre se conseguiria lidar com acusações de Trump em respostas rápidas e sem apoio de sua equipe e de anotações, que não puderam entrar no auditório do debate. A atual vice-presidente dos EUA disse ter passado os quatro últimos anos "limpando a bagunça de Donald Trump", acusou o ex-presidente de deixar o governo com altas taxas de desemprego e com uma política externa desastrosa e criticou sua gestão da pandemia, em 2019, quando ele era presidente dos EUA. Foi especialmente enfática e cresceu no debate ao ser questionada sobre aborto. Disse que seu adversário vai liderar um "plano nacional para banir o direito ao aborto", o que Trump, menos assertivo no tema, negou. Apesar de começar o debate repetindo o tom mais calmo que adotou no cara a cara contra o presidente Joe Biden, em junho, Donald Trump também foi se tornando mais agressivo em reação às provocações constantes da adversária.

No entanto, o republicano insistiu em discursos voltados ao seu eleitorado, como o de que o país está sendo "invadido" por criminosos de outros países. Em cinco ocasiões diferentes, repetiu o discurso anti-imigração, desvirtuando de outros temas. Chegou a dizer que imigrantes estão comendo cachorros de norte-americanos e foi desmentido pelos apresentadores. O ex-presidente vem culpando Kamala, a quem o presidente Joe Biden designou parte da gestão da política migratória, pelos recordes de entrada de imigrantes ilegais registrados nos EUA desde o fim do ano passado. Ele também acusou a adversária de "querer fazer operações transgênero pelo país", a chamou de "marxista" e disse que os EUA se tornarão "uma Venezuela com anabolizante" caso a adversária vença. Trump também tentou, ao longo do debate, atrelar a candidata democrata a Joe Biden, tentando tirar proveito do mau desempenho do presidente. "Ela é Biden. Ela está querendo se afastar de Biden, mas ela é Biden", disse.

"Claramente, eu não sou Biden, e certamente não sou Donald Trump", retrucou Kamala Harris. Estou querendo oferecer uma nova geração de líderes aos americanos". Para Kamala Harris, o debate foi a primeira e, talvez, única oportunidade de se apresentar para o público geral e de tentar fazer chegar ao eleitorado de Trump o discurso de que seu rival, um bilionário, só governará para si mesmo, enquanto ela, uma ex-procuradora-geral, seguirá pensando no povo. Ao responder à primeira pergunta, sobre economia, ela disse que "vim da classe média e seguirei governando para a classe média", enquanto Trump "governará para ele mesmo". "Meus valores não mudaram", afirmou. No entanto, a democrata se esquivou ao ser questionada por um dos dois mediadores sobre se a economia do país estava melhor agora do que há quatro anos, quando o governo do qual ela faz parte assumiu, e disse apenas que reduzirá taxas para a compra de imóveis. Guerra em Gaza e na Ucrânia Quando os temas de Israel e da guerra em Gaza foram colocados no debate, as atenções voltaram para Kamala Harris — seus comícios têm sido alvo de protestos pró-Palestina por conta do apoio que o governo de Joe Biden tem dado a Israel desde o início do conflito. Em uma fala repetida e sem riscos, a democrata disse apoiar o direito de defesa de Israel mas achar que "vidas inocentes demais foram pedidas em Gaza", e, por isso, defende o acordo de cessar-fogo e a solução de dois Estados.

Guerra em Gaza e na Ucrânia

Quando os temas de Israel e da guerra em Gaza foram colocados no debate, as atenções voltaram para Kamala Harris — seus comícios têm sido alvo de protestos pró-Palestina por conta do apoio que o governo de Joe Biden tem dado a Israel desde o início do conflito. Em uma fala repetida e sem riscos, a democrata disse apoiar o direito de defesa de Israel mas achar que "vidas inocentes demais foram pedidas em Gaza", e, por isso, defende o acordo de cessar-fogo e a solução de dois Estados.  

Trump foi mais enfático ao falar sobre o tema: "Se eu fosse presidente, a guerra nunca teria começado. Se eu fosse presidente, a Rússia nunca teria invadido a Ucrânia. Eu conheço o Vladimir Putin muito bem.

Ele também acusou Harris de "odiar Israel e a população árabe". Aproveitando o gancho aberto pelo próprio adversário ao mencionar Putin, a democrata disse que "é sabido que ele admira ditadores". Sobre o conflito na Ucrânia, Trump disse que tem "um bom relacionamento" tanto com Putin quanto com presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky e prometeu que dará um fim à guerra caso seja eleito. Já Biden, afirmou o republicano, não tem boa relação com nenhum dos dois.  "Deixe eu te lembrar que você não está concorrendo com o Joe Biden. Você está concorrendo comigo", retrucou Kamala Harris, que defendeu a atuação da gestão de Biden na guerra da Ucrânia. "Se não fosse ele, Putin estaria sentado na Europa".

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