Após novas críticas de Lula ao BC, dólar volta a subir e bate R$ 5,70

Por Thayná Pertele

O dólar voltou a subir, alcançando R$ 5,70 na tarde desta terça-feira (2), o maior valor desde janeiro de 2022. Essa elevação ocorre após a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou existir um “jogo de interesse especulativo” contra o real. Em entrevista na manhã desta terça-feira, o presidente mencionou que o governo federal pode tomar medidas em relação à especulação financeira que tem impulsionado a valorização da moeda americana frente ao real.
Além disso, o chefe do Executivo reiterou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possui um viés político.
“O Banco Central tem uma função que é cuidar da política monetária, de atingir a meta da inflação. Nós acabamos de aprovar a meta contínua de 3% e vamos tentar buscar isso. O que não dá é ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente, acho que ele tem viés político. Mas não posso fazer, ele tem mandato e tenho que esperar terminar o mandato”, completou.
Lula fez essas declarações em uma entrevista com uma rádio baiana.
O presidente afirmou recentemente que a especulação financeira é responsável pelo aumento do preço do dólar e pediu que o Banco Central investigue o fenômeno. A reportagem tentou contactar a instituição várias vezes, mas não recebeu nenhum retorno.
A moeda americana experimentou o maior aumento neste ano entre os emergentes relevantes, acumulando altas de 6,43% em junho e de 15,14% no primeiro semestre. Além disso, a moeda acumulou a variação mais alta ante o real desde 2020. Além disso, as projeções do Boletim Focus para o IPCA para 2025, que o Banco Central tem em mente, permaneceram estáveis, o que preocupa investidores locais.
No Focus, a mediana para o IPCA de 2024 passou de 3,98% para 4%, um ponto porcentual acima do centro de meta de 3%. A taxa era de 3,88% um mês antes. Além disso, as projeções do Boletim Focus para o IPCA para 2025, que o Banco Central tem em mente, permaneceram estáveis, o que preocupa investidores locais.
Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, afirmou que o governo não está planejando nada além de “acertar a comunicação” sobre a autonomia do BC e a “rigidez” do arcabouço fiscal para conter a alta do dólar.
“Nossa agenda com Lula amanhã é exclusivamente agenda fiscal. Não sei de onde sai esse rumor. Aqui na Fazenda estamos trabalhando com agenda eminentemente fiscal com o presidente. O melhor a fazer para conter dólar é acertar a comunicação, tanto em relação a autonomia do Banco Central, como o presidente fez hoje de manhã, quanto em relação ao fiscal. Não vejo nada fora disso, autonomia do BC e rigidez do arcabouço fiscal, é isso que vai tranquilizar as pessoas. Questão mais de comunicação do que qualquer outra coisa”, afirmou o ministro.
O dólar à vista fechou a R$ 5,65, o valor mais alto desde 10 de janeiro de 2022, nesta segunda-feira, 1. A desvalorização do real ocorre em um ambiente externo desfavorável, com expectativas de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo e incertezas sobre a corrida eleitoral nos Estados Unidos. 
Além disso, os analistas do mercado financeiro observam uma perda de credibilidade no governo de Lula. Existe incerteza sobre a execução do novo regulamento fiscal, devido à recusa do presidente em reduzir gastos e esgotar as medidas de aumento de arrecadação.
Na reunião marcada para esta quarta-feira (3) com Lula, Haddad afirmou que a intenção é apresentar propostas que garantam o cumprimento dos arcabouços fiscais em 2024, 2025 e 2026, que são os anos finais do mandato do petista. O ministro não estabeleceu uma data específica para a publicação das medidas, mas enfatizou que as equipes estão trabalhando na questão há 60 dias.
“Não estou querendo marcar data porque estamos há 60 dias trabalhando nisso. O presidente está mobilizando Planejamento, Casa Civil e Fazenda para não só elaboração do orçamento de 2025 mas como para execução orçamentária de 2024. E ele está preocupado, hoje mesmo falou disso, elogiou o arcabouço fiscal, elogiou a autonomia do BC, e é nessa linha que vamos despachar com ele amanhã. Esses rumores eu sinceramente penso que é de gente interessada Não sei de onde saem essas questões. Quando me perguntam, eu respondo no que estamos trabalhando, que é na agenda fiscal”concluiu o ministro.
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